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Além da Falta: Recuperar é Criar Novos Sentidos

  • Foto do escritor: Luciano Ribeiro
    Luciano Ribeiro
  • 8 de set.
  • 2 min de leitura
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Durante muito tempo, o discurso predominante sobre a dependência química girou em torno de uma narrativa conhecida: a droga entra como um preenchimento de um vazio existencial, uma tentativa de abafar uma dor interna, de calar a angústia que ecoa no silêncio do sujeito. Essa perspectiva tem sua validade e pode ajudar a compreender muitas histórias de uso e recaída. No entanto, há outras formas possíveis — e libertadoras — de olhar para a recuperação.


A psicanálise nos convida a ir além da simples ideia de “preencher a falta”. O ser humano não é só um buraco a ser tampado, mas uma fonte contínua de desejo, imaginação e criação. E se, em vez de tentar preencher o que falta, a recuperação fosse um ato criativo de construir novos sentidos para a vida? Nesse movimento, o sujeito deixa de ser apenas um usuário em falta e se transforma em autor de uma nova história.


Esse novo olhar muda tudo. A droga, nesse ponto de vista, deixa de ser apenas um alívio para a dor e passa a ser vista como um obstáculo à criação de novos significados. O processo de se libertar do uso não é apenas resistir ao impulso ou domar a compulsão — é também abrir espaço para um desejo mais verdadeiro, mais alinhado com a singularidade daquele sujeito. Trata-se de transformar a angústia em linguagem, em projeto, em vínculo, em vida que pulsa.


A recuperação, portanto, pode ser entendida como uma jornada simbólica, onde cada passo não preenche, mas constrói. Onde o que antes era só dor, vira matéria-prima de ressignificação. Nesse sentido, o tratamento deixa de focar apenas no que falta e passa a apoiar o que pode nascer. Porque, no fundo, o que está em jogo não é só largar a droga — é descobrir o que pode florescer no seu lugar.


Por Luciano Ribeiro — Terapeuta em Dependência Química | Estudante de Psicanálise


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