Carpediem, 30 de outubro - O coração que não sabe pedir ajuda.
- Luciano Ribeiro
- 30 de out.
- 1 min de leitura

Há corações que aprenderam cedo a se virar sozinhos. Corações que foram feridos antes de aprender a falar da dor. Eles cresceram achando que pedir ajuda era sinal de fraqueza, que chorar era perder, que sentir era perigoso. Então calaram. Se fecharam. Ergueram muros onde deveria existir encontro. E hoje, mesmo diante de pessoas que querem cuidar, o coração hesita, porque não sabe mais como se entregar sem medo.
Na dependência química, esse coração encontra na droga um refúgio fácil: ela não exige diálogo, não cobra presença, não pede vulnerabilidade. A substância acolhe sem perguntar, abraça sem exigir palavra. Mas é um abraço que custa caro. Porque enquanto a droga anestesia, ela também isola, e o coração que não sabe pedir ajuda sofre em silêncio, mesmo rodeado de gente.
A recuperação é o processo de ensinar esse coração a viver de novo. É reaprender a pedir, a confiar, a deixar-se ver. É estranho no começo, parece que o peito não sabe abrir, que a voz não sabe sair. Mas cada pequena entrega é uma vitória. Cada conversa verdadeira é um tijolo retirado do muro. Cada gesto de cuidado recebido é um pouco de vida voltando a pulsar.
Carpe diem: hoje eu permito que alguém me alcance. Hoje eu não fujo do afeto. Hoje, mesmo sem saber direito como, eu escolho pedir ajuda. Porque a coragem de viver começa quando o coração pode finalmente descansar.
Por Luciano Ribeiro — Terapeuta em Dependência Química | Estudante de Psicanálise
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