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Por que olhar para o inconsciente muda a compreensão do problema

  • Foto do escritor: Luciano Ribeiro
    Luciano Ribeiro
  • 14 de ago.
  • 2 min de leitura
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Quando alguém busca ajuda para a dependência química, é comum esperar respostas diretas: “Pare de usar”, “Evite más companhias”, “Tenha força de vontade”. Essas orientações podem ter seu valor, mas raramente tocam na raiz do problema.A psicanálise nos convida a ir além do que é visível, perguntando: O que está por trás do sintoma?


O que é o inconsciente?


Para Freud, o inconsciente é um território psíquico onde ficam guardados desejos, lembranças e conflitos que não conseguimos lidar diretamente. Eles não desaparecem — apenas encontram formas disfarçadas de se manifestar. Na dependência, a droga muitas vezes aparece como uma dessas formas.

Lacan vai mais longe ao dizer que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Ou seja, o sintoma “fala” — e a droga, nesse caso, pode ser uma resposta simbólica a um mal-estar que o sujeito nem sabe nomear.


O que muda quando olhamos para o inconsciente


  1. Do moralismo à compreensãoAo invés de perguntar “Por que você fez isso de novo?”, passamos a perguntar “O que você estava tentando resolver quando fez isso?”. Essa mudança tira o peso da culpa e abre espaço para entender o que sustenta o comportamento.

  2. A recaída ganha um novo sentidoNão é apenas “fraqueza” ou “falta de disciplina”. Pode ser a repetição de uma história antiga, uma fidelidade inconsciente a um papel que o sujeito conhece bem — mesmo que esse papel seja doloroso.

  3. O foco não é só parar, mas elaborarParar de usar a droga sem escutar o que o sintoma quer dizer é como calar um alarme sem apagar o incêndio. O inconsciente aponta para questões que, quando não são elaboradas, procuram outras formas de se manifestar.


O papel da escuta clínica


Na psicanálise, não trabalhamos com conselhos prontos, mas com um espaço onde o sujeito pode falar livremente — e onde cada palavra importa. É nessa escuta que o sintoma deixa de ser apenas um problema e começa a ser um guia para entender o que precisa ser transformado.


Conclusão


Olhar para o inconsciente muda a compreensão da dependência porque tira o foco exclusivo da substância e coloca o sujeito no centro. A droga deixa de ser “o inimigo” e passa a ser um sinal, uma linguagem.E quando conseguimos escutar essa linguagem, abrimos o caminho para uma mudança que não é apenas comportamental, mas simbólica e duradoura.


Por Luciano Ribeiro — Terapeuta em Dependência Química | Estudante de Psicanálise


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